terça-feira, 21 de outubro de 2008

O incrível caso da VAN PRA MARÍLIA

Prezado leitor!

Na comunidade do MARÍLIA X NOROESTE, o Presidente-faxineiro-panfleteiro-compositor-de-hinos-colocador-de-nariz-de-palhaço-costureiro-de-bandeiras da ManchAzul, Sr. Alysson (vulgo Malysson) disse que "enxergou uma Van", supostamente vinda de Bauru, para assistir um jogo no Chico Bento de Abreu.

Pena, mas eu não estava nela.

O jogo era o clássico intergalático MAC x AMÉRICA DE NATAL, valendo a permanência na zona de rebaixamento pra Série C.

Abaixo, segue o relato de um dos SORTUDOS que estavam na Van:
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"Não tinha como não ir!
Jogaço do caralho, eletrizante, times disputando a ponta e, muito mais do que isso: o contato com a cidade grande!

Puuuuta progresso! Emoção desde o começo: depois de passar a noite dormindo na calçada, para aguardar lugar em uma das várias vans, enfim, elas apontaram.

Foi um atropelo só! Todo mundo se acotovelando, com seu carnezinho em mãos (nos prometeram que só o carnê vendido lá é que não garante o seu lugar no jogo) e logo que sentei na Van, aliviado, olhei pra trás, e confesso: senti pena daquele mar de gente que não teve a mesma sorte que eu.

Viagem de uma hora apenas. Uma hora me separava da civilização! Só quando senti aquele cheiro de bolacha no ar, acreditei que meu sonho seria então realizado.
Pude encher o peito e quase num gozo de satisfação gritei a plenos pulmões:
- Estou em Marília! Cara, é assustador! Puuuuuutttttttaaaaa progresso!

A Van parou. Olhei pra fora e quando vi a letra “m” brilhando no céu. Achei que chegava ao complexo desportivo do MAC. Fui feliz, até que alguém me alertou que era só o MacDonald´s (caipira é foda, né).

Bom, se pra subir na van foi foda, imagina pra descer: vieram vans do mundo inteiro. De Londrina então, nem se fala. Mas, numa metrópole acostumada a eventos deste naipe, tudo flui perfeitamente.

Enfim, de acordo com meu ingresso, procurei e me acomodei na poltrona double-soft 34623, setor z, oeste. Visão privilegiada.

Foi o melhor jogo da minha vida!
Trouxe até souvenirs (em Bauru chama "lembrancinha") do complexo: precisa ver que beleza de pombinho! Parece de verdade.
Puuuuuttttttttaaaaaaa progresso!

Quis até comprar camisa do time - em Bauru, dá até pra ir no baile com ela - mas eu precisava comprar fiado, porque gastei todo dinheiro com os pombinhos.

Perguntei se o cara que vende camisas do MAC fazia FIADO.
A fúria tomou conta do vendedor, que estressado como todo metropolitano; me disse que fiado era palavra proibida naquela região, e pediu para que eu fosse falar com uma tal de Dalva.

Não entendi nada e subi na van pra ir embora.

O motorista subia e descia viadutos e percorria longas avenidas. Obviamente estava perdido!
Paramos e perguntamos:
- Como saimos para Bauru?
- Onde? - retrucou um mariliense.
- Tá bom vai: Garça.

O barulho de "ééééé campeão " era ensurdecedor

(continua...)

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(Continuação)
TODOS os eventos esportivos, culturais, comerciais e sociais daquele domingo, haviam, imprevisivelmente, acabado ao mesmo tempo, o que gerou um caos no trânsito. Somado à inabilidade do nosso motorista em lidar com multidões, após muito rodar, estávamos novamente em frente ao COMPLEXO. Parados!

Ainda sob o torpor daquele espetáculo e envolvido pelo ecoar das múltiplas torcidas organizadas, uma cena chamava a atenção: o que aquele senhor grisalho fazia com dois sacos de urina na mão? A impressão que dava é que chegou a ter o objetivo de jogar em alguém, mas com o placar elástico, seu ímpeto foi contido pela euforia, e teve então a sábia decisão de guardá-los para outra ocasião. “Mais vale um litro de urina nas mãos , do que meio litro nas calças”. Sapiência pura!

Não tinha jeito. O trânsito era infernal! E de tanto pára e anda, pára e anda, a Van quebrou! Perguntamos então a um mariliense, dentre todas as alternativas de transporte, qual seria a mais viável para que pudéssemos voltar ao INTERIOR (não disse Bauru, pois já estava cansado de ficar dando explicações geográficas em vão). Educadamente (o que não faz uma bela goleada, né?), sugeriu ônibus, pois o aeroporto estava sobrecarregado. Indicou que estávamos na direção certa e era só seguir adiante naquela imensa avenida, que avistaríamos um monumento de forma “peculiar”.

Durante o trajeto, à esquerda, surpreendeu-me o ESMERALDA MEGA-SHOPPING. Coisa faraônica mesmo, apesar do nome de tia. Puuuuuuuuta progresso!
Mais adiante, à Direita, um complexo supermercadista: Wal Mart, Carrefour, Makro, Extra, Confiança Ultra-Flex-Max, Pão de Açúcar e vários outros.Todos lado a lado. Não é picuinha de concorrentes não! É pura demanda.

O Tauste eu não vi, porque era domingo à noite e ele tava fechado.

Enfim a rodoviária lá no horizonte. Apertamos o passo pois a chuva já se avizinhava. De longe, cheguei a pensar que fosse um motel, devido ao seu formato fálico.
O guichê de passagens para Londrina, lotado. Dava dó.

Procuramos passagens para Reginópolis, Piratininga ,Agudos...Em vão. Só conseguimos para Tibiriçá.(um dia ainda teremos linha direta para Bauru! Quem sabe o Bulgarelli não ajuda?). Já era tarde da noite. Aproveitei pra comprar a edição de segunda-feira do jornal local. Com a chuva, fiquei todo molhado. Mas também , uma rodoviária tão linda como aquela, nem precisava ser funcional. Puuuuuuuuutaaaaa progresso!

Enfim, senti vontade de voltar pra casa! Não porque estava cansado da vida de metrópole. Mas é que quando vi o ônibus novinho do “Expresso ‘de Ouro”, direto da matriz, e eu , um bauruensezinho tendo o privilégio de participar da viagem inaugural! (tô falando que caipira é foda!).
Não sabia se olhava para dentro do ônibus ou apreciava a GARÔA que entremeava as luzes da grande cidade. Era água COMO NUNCA FORA VISTO em nenhuma torneira daquela cidade!

Estou com sono, mas preciso ficar atento pra puxar a cordinha do ônibus quando chegar perto do "trevinho" de Bauru.
Mas depois de toda essa emoção, quem é que consegue dormir?

2 comentários:

Anônimo disse...

Caraio Bira, até faxineiro e costureiro, kkk

Vlw, fico massa, abraços!!!

Alysson

Anônimo disse...

rsrsrs... cidade grande é assim mesmo...